Inclusão de questões raciais no currículo

Inclusão de questões raciais no currículo

Ambientes adequados de aprendizagem e inovação curricular – Diversidade no currículo

No Brasil, a questão da valorização e inclusão de grupos historicamente marginalizados na sociedade tem sido reforçada diante dos constantes casos de violência e do crescente interesse em como as escolas podem promover uma sociedade mais justa.

Nesse contexto, tem-se buscado formas de abordar a história e a cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar, a fim de promover a consciência crítica dos estudantes sobre questões sociais e incentivar a participação cívica e a justiça social responsiva à comunidade. O Brasil, inclusive, conta com a Lei 10.639 que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras.

No entanto, a promoção da LEI ainda é alvo de controvérsias, com alguns críticos argumentando que essas iniciativas são uma forma de doutrinação tendenciosa e politicamente carregada. De forma parecida, nos EUA, uma forma de implementar essa abordagem tem sido através do incentivo aos cursos de estudos étnicos (EE), que buscam abordar as perspectivas e histórias desses grupos, promovendo a valorização da diversidade cultural e a inclusão social. Tal política foi avaliada e mostrou efeitos positivos para a trajetória dos estudantes.

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Resumo da implementação

O Programa de Estudos Étnicos (EE) foi implementado nas escolas secundárias de San Francisco (Estados Unidos) em 2010, após uma resolução unânime da Junta de Educação do SFUSD. O Programa abrange temas de justiça social, antirracismo, estereótipos e movimentos sociais liderados por pessoas de cor da história dos EUA, e tem como objetivo combater o racismo, melhorar o compromisso com a justiça social e reduzir as taxas de evasão escolar.

O Programa EE é baseado em “pedagogia culturalmente relevante” (PCR) e modelos de psicologia social de identidade e comunidade. Ele se destina a estudantes que já experimentaram ambientes acadêmicos hostis e visa fornecer a eles experiências de aprendizagem de suporte e transformação. Nesse programa, estudantes de baixo desempenho no final do ensino fundamental, foram encorajados a participar do currículo no primeiro ano do ensino médio.

Outras informações

Ano

2011

Fonte de financiamento

Orçamento público.

Efeitos

O Programa de estudos étnicos aumentou
significativamente a probabilidade (+18 p.p.) de
graduação no ensino médio entre os alunos de baixo
desempenho. A probabilidade de evasão de um aluno de baixo desempenho que participou do Programa foi de aproximadamente 10 por cento, enquanto entre os não participantes esse probabilidade foi de 28 por cento.
As análises do Programa também indicam que o engajamento em todo o ensino médio (por exemplo, frequência). No entanto, o Programa não aumentou a probabilidade de matrícula no ensino pós-secundário (ensino superior ou técnico).

Links e outras fontes

BONILLA, S; DEE, T. S.; PENNER, E. K. Data from “The longer-term effects of cultural relevance: Evidence from an ethnic-studies curriculum.” Open Science Framework, 2019. https://osf.io/wkjrs/. Accessado em: 16 de agosto de 2021.

Lei no 10.638: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm.

Parceiro potencial

Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades:
https://www.ceert.org.br/.

Implementador

Distrito Escolar Unificado de São Francisco.

Localidade

Estados Unidos

Estudos prévios

BONILLA, S; DEE, T. S.; PENNER, E. K. Ethnic studies increases longer-run academic engagement and attainment, 2021. https://doi.org/10.1073/pnas.2026386118.

Metodologia dos estudos prévios

RDD (Regression Discontinuity — Descontinuidade de Regressão).

Custo de implementação

Não identificado.

Tamanho total da amostra

1.405 alunos da nona série de cinco coortes que frequentaram três escolas secundárias distritais a partir dos anos escolares de 2011 a 2012, 2012 a 2013, e 2014 a 2015.

Identificação bases de dados e limitações da informação disponível

Os dados não podem ser compartilhados (os dados provêm dos registros administrativos de um distrito escolar, incluindo crianças menores de 18 anos). Pelo acordo de uso de dados com o distrito escolar, não podem ser compartilhados esses dados com outras pessoas que não tenham sido aprovadas
para acessá-los.

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